São usados para criar uma zona mais larga de gengiva inserida/queratinizada.

A principal função do periodonto é inserir o dente no tecido ósseo dos maxilares e manter a integridade da superfície da mucosa mastigatória da cavidade oral. O periodonto é formado pelos seguintes tecidos: a gengiva, o ligamento periodontal, o cemento radicular e o osso alveolar (Lindhe, 1997).

Segundo Gartrell e Mathews 1976, a recessão gengival é definida como a condição em que a margem gengival está localizada apicalmente à junção cemento-esmalte e a superfície radicular está exposta ao meio bucal. O processo de migração apical da margem gengival sobre a face radicular expõe o cemento à cavidade oral que perde a inserção de fibras gengivais sobre ele e é rapidamente eliminado da superfície radicular.

Essa exposição ao meio bucal, além do comprometimento estético, pode resultar em abrasões, cáries e hipersensibilidade da superfície radicular.

Sendo assim, a recessão do tecido marginal caracteriza uma perda de inserção do periodonto, pois todos os seus tecidos e não somente a gengiva se desloca na direção apical, podendo assim ter sua função comprometida.


Existem vários fatores que podem desencadear o processo de recessão, entre eles, a escovação traumática, deiscências do osso alveolar, doença periodontal, mau posicionamento dental e fatores iatrogênicos.

Etiologia

De acordo com Lindhe 1997, a recessão tecidual marginal é uma característica comum em populações com altos padrões de higiene oral, bem como em populações com higiene oral precária. O trauma ao tecido provocado pela escovação vigorosa é considerado um fator causal dominante para o desenvolvimento das retrações, particularmente em indivíduos jovens.

Retrações resultantes de técnicas de escovação inadequadas são frequentemente encontradas em áreas com gengiva clinicamente sadia e onde a raiz exposta tem um defeito em forma de cunha, com a superfície limpa, lisa e polida.

Quando está associada a outros fatores etiológicos como, ausência de gengiva inserida ou uma fina camada da mesma, bem como a posição dos dentes, o problema torna-se ainda mais grave. Nesse caso os tecidos são submetidos a uma maior pressão, ficando ainda mais propensos à recessão (Ottoni e Magalhães, 2006). O tratamento ortodôntico também tem sido relatado como fatores que podem desencadear a recessão do tecido marginal.

As deiscências do osso alveolar podem estar associadas com proeminências, mau posicionamento ou rotação dos dentes. Deiscência óssea é a ausência de cobertura óssea no terço coronário das superfícies radiculares. De acordo com Lindhe (1997), a presença de uma deiscência do osso alveolar é considerada um pré-requisito para o desenvolvimento da retração do tecido marginal;

Classificação de Miller

Miller, em 1985 descreveu uma classificação dos defeitos de retração, levando em consideração o recobrimento radicular esperado que seja possível obter sendo:

Classe I: Retração do tecido gengival que não se estende até a junção muco gengival. Não há perda óssea nem de tecido mole interdentais.

classe 1

Classe II: Retração do tecido marginal que se estende até ou além da junção muco gengival. Não há perda óssea nem de tecido mole interdentais.

Classe II

Classe III: Retração de tecido mole que se estende até ou além da junção muco gengival. A perda óssea ou de tecido mole interdentais é apical em relação à junção cemento esmalte, porém coronária à extensão apical da retração do tecido marginal.

Classe III

Classe IV: Retração do tecido marginal que se estende além da junção muco gengival. A perda óssea interdental estende-se até um nível apical em relação à extensão da retração do tecido marginal.

Classe IV

Enquanto o completo recobrimento radicular pode ser alcançado nos defeitos Classe I e II, apenas o recobrimento parcial pode ser esperado nos defeitos Classe III. Os defeitos Classe IV não são passíveis de recobrimento.

Recobrimento
Raspagem e alisamento radicular, orientações de higiene oral e identificação dos possíveis fatores etiológicos da recessão, são pré-requisitos importantes a serem avaliados antes da fase cirúrgica.

As principais indicações para os procedimentos muco gengivais de proteção radicular são necessidades estéticas/ cosméticas, hipersensibilidade da raiz, tratamento de lesões cariosas rasas na raiz e abrasões cervicais. A alteração da topografia do tecido marginal, a fim de facilitar o controle de placa, também se constitui numa indicação comum para os procedimentos de proteção radicular (Lindhe, 1997).

Palato (área doadora):

A mucosa palatina constitui a principal fonte dadora de tecido conjuntivo e epitélio, pelo fato de ser revestida por uma camada de queratina. A área de remoção do enxerto localiza-se entre a última rugosidade palatina e a área do canal palatino posterior (do primeiro pré-molar ao segundo molar). Sob o tecido epitelial encontra-se um tecido conjuntivo bastante fibroso e denso, sendo considerado um tecido doador de melhor qualidade. Mais profundamente encontra-se tecido adiposo (ao nível dos pré-molares e dos caninos). Antes de ser removido o enxerto, alguns elementos anatómicos devem ser rigorosamente avaliados:

1º. Elementos:

  • localização e trajetos das artérias palatinas;
  • localização e trajetos dos nervos palatinos.

2º. Espessura e qualidade do tecido doador.
É possível verificar a espessura disponível com uma medição, sob anestesia, por meio da sonda periodontal.

Este tipo de enxerto, normalmente é descrito com algumas desvantagens, como:

  • No sítio doador, a cicatrização ocorre por segunda intenção, podendo proporcionar um pós-operatório doloroso;
  • Após a cicatrização dos tecidos, o aspecto da mucosa apresenta características clínicas semelhantes às da mucosa do palato (área dadora) e não igual ao das áreas adjacentes ao enxerto.

O retalho reposicionado coronariamente apresenta como:

Indicações

  • Melhora das condições estéticas;
  • Recomposição da gengiva inserida;
  • Redução da sensibilidade radicular
  • Retrações isoladas ou múltiplas rasas.

Contra indicações

  • Vestíbulo raso;
  • Pouca gengiva inserida;
  • Retrações muito largas, com proeminência radicular.

Referência:
CARRANZA. Periodontia Clínica Ed. Saunders Elsevier.Tradução da 11ª edição.
LINDHE. Jan Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. Ed. Guanabara Koogan 5ª Edição 2010

http://ns.abopr.org.br/imagens/biblioteca/1267126122.pdf
http://www.manuelneves.com/artigos/2011/CA05.pdf
Autor:  Indi O` Hara Patricia Socoloski, Acadêmica do 2º ano Odontologia da Universidade Positivo, Curitiba – PR

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