A radioterapia é um dos tratamentos de eleição para pacientes portadores de neoplasias de cabeça e pescoço, porém verificamos que o aparecimento de sequelas é praticamente inevitável. As alterações inflamatórias ou infecciosas da cavidade oral são denominadas mucosites.

As alterações nas mucosas podem provocar um desconforto e disfagia, levando muitas vezes, a um comprometimento nutricional. A mucosite normalmente é transitória e os pacientes recuperam-se, espontaneamente, no primeiro mês após encerramento do tratamento radioterápico.

A associação da radioterapia com quimioterápicos produz um efeito sinérgico potencializando a severidade das alterações inflamatórias da mucosa oral.

A mucosite oral é uma das complicações mais frequentes em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço, sendo consequência de um processo inflamatório local, e os tratamentos antineoplásicos, radioterapia e quimioterapia desses tumores são importantes causas dessa afecção.


A fisiopatologia da mucosite é dividida em 4 fases:

1. Fase Inflamatória: tecido epitelial libera interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa) causando aumento da vascularização local.

2. Fase Epitelial: ocorre a redução da renovação das células em função da radioterapia e da quimioterapia, ocasionando ulceração do epitélio.

3. Fase Ulcerativa: quando ocorre a colonização por microorganismos e intensificação das lesões

4. Fase Curativa: corresponde à renovação celular e posterior cicatrização da mucosite.

Sintomatologia:
A sintomatologia da mucosite oral traz graves consequências para a qualidade de vida dos pacientes. Os principais sinais e sintomas são ulceração da mucosa com dor intensa, dificuldade de alimentação, dificuldade para falar e fazer a higiene oral e presença de infecções oportunistas.

Tratamento:
Dentre os vários fatores implicados na gênese das alterações da mucosa, induzidas por radiação, encontra-se a modificação de flora oral bacteriana com desenvolvimento de quadros infecciosos. Desta maneira um medicamento antisséptico poderia auxiliar na prevenção destas modificações e diminuir a intensidade dos quadros de mucosite.

A medicação escolhida foi o gluconato de clorexidina a 0,12% uma droga amplamente utilizada na área da odontologia6, 7.

A mucosite apresenta como consequência a formação de ulcerações em alguns casos, e quando isto ocorre, abre-se a possibilidade para infecções secundárias e oportunistas, principalmente por Candida albicans14. Por este motivo a droga escolhida deve apresentar uma ação antimicrobiana fato bastante conhecido na ação da clorexidina
Nem sempre a interrupção do tratamento é o efeito deletério mais importante da mucosite pós–radioterapia.

Em alguns pacientes a mucosa torna-se intensamente dolorosa, dificultando a deglutição do paciente, fato que pode comprometer o quadro nutricional11 já deteriorado pela doença de base.

A mucosite oral grave também pode exigir interrupção parcial ou completa de tratamento antineoplásico, como radioterapia, antes do regime planejado ser completado, aumentando o risco de proliferação das células tumorais e dificultando o controle do câncer6. Nos pacientes em quimioterapia, a mucosite geralmente ocorre nas mucosas não queratinizadas do ventre de língua, do assoalho de boca, do palato mole e também na mucosa jugal.

Nos pacientes em tratamento com radioterapia em região de cabeça e pescoço, a inflamação pode acometer tanto a mucosa queratinizada quanto a não queratinizada. O uso do álcool e do tabaco, a quimioterapia, as infecções fúngicas e a má higienização bucal podem aumentar a incidência ou agravar a mucosite6

O tratamento da mucosite deve ser conservador, para evitar uma acentuação das irritações teciduais e prejuízos às células remanescentes do epitélio acompanhado de um controle de placa bacteriana com manutenção da higiene oral.
A utilização de bochechos com o chá de camomila, apesar do seu efeito não comprovado, parece conferir importante redução no grau e no alívio das principais queixas da mucosite, fato que pode estar associado à ação anti-inflamatória dessa erva13.

Condutas utilizadas no tratamento da mucosite oral incluem o uso de analgésicos sistêmicos, anestésicos ou analgésicos tópicos.

Neoplasias malignas frequentemente associadas

A leucemia e o linfoma são exemplos de neoplasias malignas que causam supressão da medula óssea e tendem a estar associadas a complicações bucais com maior frequência

Conclusão:
A mucosite oral é intercorrência muito comum nos pacientes em tratamento oncológico, advinda de uma alteração celular, podendo se desenvolver em processos ulcerativos importantes e levando a uma redução na qualidade de vida desses pacientes durante e após o tratamento radio e quimioterápico.

Referência das Imagens:
MUCOSITE ORAL RADIOINDUZIDA – Patrícia Nogueira Montenegro de ALMEIDA; Ernesto ROESLER; Ana Paula Veras SOBRAL
Trabalho apresentado no Projeto de Extensão em Prevenção ao Câncer de Boca.

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