Humanizar caracteriza-se pelo ato de colocar a cabeça e o coração na tarefa a ser desenvolvida. Envolve sinceridade e lealdade ao outro e saber ouvir com ciência e paciência”, pois o relacionamento e o contato direto levam ao crescimento. Assim, neste momento de troca, há a humanização, por meio de reconhecimento e identificação do outro como ser humano. A humanização vem sendo preconizada na legislação vigente como essencial no processo de formação do cirurgião-dentista e na prática diária profissional. Tornar essa teoria um processo habitual é fundamental para o novo perfil delineado para o cirurgião-dentista. Percebe-se, entretanto, que, da teoria da humanização à prática, há um hiato no qual o professor em sua singularidade tem papel relevante, pois essa metodologia de ensino envolve mudanças de atitudes, comportamentos, valores, cultura, conceitos, entre outros fatores.
A prática odontológica tem raízes históricas, culturais e sociais na formação do cirurgião-dentista, pautada no modelo flexneriano ou medicina cientifica, constituindo-se em uma prática individual, curativa, tecnicista, especializada e biologicista. Destaca-se a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação em odontologia, acompanhando o movimento executado por outros cursos da saúde, como marco propulsor do processo de transformação. Implementadas em 2002, as definições contidas nas DCN sinalizam uma mudança paradigmática na formação, buscando materializar um profissional crítico, capaz de trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social. Propõem um cirurgião-dentista com perfil generalista, com sólida formação técnico-científica, humanística e ética, orientada para a promoção de saúde, com ênfase na prevenção de doenças bucais prevalentes..
O cirurgião dentista não pode ignorar o estado emocional dos pacientes e aumentar o vínculo afetivo entre profissional e paciente é vital para o bom andamento do tratamento odontológico. Uma atitude empática do dentista, seu respeito às queixas e sentimentos do paciente e a explicação clara dos procedimentos que serão realizados podem minimizar e até suprimir a ansiedade do paciente. Dessa forma, confiança, segurança, tranquilidade e serenidade devem ser encorajadas pelo cirurgião dentista durante as consultas. O profissional deve reconhecer que as pessoas têm o direito de serem informadas e de participarem do processo de reflexão sobre as ações que serão realizadas em seu corpo.
O atendimento odontológico no serviço público deveria ser mais valorizado, considerando que a maioria dos pacientes tem insegurança com essa situação. Os pacientes imaginam que um dentista ideal deve ser um profissional com habilidades técnicas, mas que além dessas, tenham também habilidades sociais em contato com os pacientes, que saibam acolher o paciente, e procurem saber os obstáculos que aquele paciente tem no dia a dia, e que pode diretamente afetar no tratamento odontológico. Por tanto, as políticas e praticas de assistência aos pacientes devem ser repensadas, para que o atendimento á esses pacientes seja edificado de forma humanizada.
Colaboração: Naylin Daniele de Oliveira
Referências:
- Oliveira ME, Zampieri, MFM, Bruggemann OM. A melodia da humanização: reflexos sobre o cuidado durante o processo do nascimento. Florianópolis. Ed. Cidade Futura, 2001, p. 121.
- Canalli CSE, Gonçalves SS. A humanização na Odontologia: uma reflexão sobre a prática educativa. Rev Bras Odontol. 2011; 68:44-8.
- Ramos FB. Como o paciente se sente ao ser atendido por um aluno de Odontologia? Revista CROMG, Belo Horizonte; 2001, 7(1):10-15.
- Resolução CNE/CES no 3, de 19 de fevereiro de 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília; 2002 Nov 3.
- Mota LQ, Farias DBLM, Santos TA. Humanização no atendimento odontológico: acolhimento da subjetividade dos pacientes atendidos por alunos de graduação em Odontologia. Arq. Odontol. Jul./Set. 2012; vol.48, no.3 Belo Horizonte.
- Ferreira CM, Gurgel FED, Valverde GB, Moura EH, De Deus G, Coutinho FT. Ansiedade odontológica: nível, prevalência e comportamento. RBPS. 2004; 17(2): 51-55.
- Usual AB, Araújo AA, Diniz FVM, Drumound MM. Necessidade Sentida e observada: suas influências na satisfação de pacientes e profissionais. Arquivos em Odontologia, 42(1):1-80, 2006.