Os molares são dentes fundamentais na arcada dentária humana. As funções dos molares são: mastigação, manutenção da dimensão vertical de oclusão (DVO) e suporte para lábios e bochechas.

Os dentes molares não apresentam decíduos, (os molares decíduos dão lugar aos pré-molares permanentes). São 6 maxilares e 6 mandibulares.

O objetivo desse post é nomear e caracterizar os aspectos anatômicos gerais dos molares.

Os molares são divididos em:

Primeiros molares superiores direito (16) e esquerdo (26);
Primeiros molares inferiores direito (46) e esquerdo (36);
Segundos molares superiores direito (17) e esquerdo (27);
Segundos molares inferiores direito (47) e esquerdo (37);
Terceiros molares superiores direito (18) e esquerdo (28);
Terceiros molares inferiores direito (48) e esquerdo (38).

A partir disso, vamos nos aprofundar na anatomia de cada um:

PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR (16 e 26)

A coroa do primeiro molar é da mesma altura da coroa dos pré-molares do mesmo arco, mas é duas vezes mais larga.

Face vestibular: seu contorno é trapezoidal de grande base oclusal. Os lados mesial e distal do trapézio convergem a partir das áreas de contato em direção cervical. A área de contato mesial fica entre os terços médio e oclusal e a distal no terço médio.

Consequentemente, a borda mesial é mais alta, além de ser mais reta, menos convexa.
Na borda oclusal, a cúspide mésio-vestibular é mais alta e mais larga do que a cúspide disto-vestibular. Um sulco vestibular se estende entre as cúspides até o terço médio da coroa, local onde termina em fosseta de forma imperceptível.

Na base menor do trapézio, a linha cervical é pouco arqueada e caracteriza-se por uma pequena projeção pontiaguda em direção ao espaço entre as duas raízes vestibulares.

Face lingual/palatina: sua silhueta é a mesma da vestibular, com a diferença de que é maior. Contrariando a regra geral, o primeiro molar superior tem a face lingual da coroa mais larga que a vestibular.

Das duas cúspides visíveis por esta face, a mésio-lingual é maior e a disto-lingual, menor. O sulco que as separa inicia-se na face oclusal e, com a forma de um arco de concavidade distal, alcança o centro da face lingual.

Como característica deste dente, a face lingual mostra na sua metade mesial (junto à cúspide mésio-lingual) um tubérculo que foi descrito pela primeira vez pelo dentista austríaco Carabelli. O tubérculo de Carabelli, assim chamado, varia muito em forma e tamanho, podendo ser uma quinta cúspide bem formada, um tubérculo de tamanho razoável, uma pequena elevação que quase não se nota ou até mesmo uma depressão vestigial. De qualquer modo, é discernível bilateralmente em 60% dos casos e adquire o tamanho de uma verdadeira cúspide em 10 a 15% das pessoas.

Face oclusal: seu contorno tem formato de losango; os ângulos agudos são o mésio-vestibular e o disto-lingual, e os ângulos obtusos são o mésio-lingual e o disto-vestibular.

A cúspide mésio-lingual é a maior de todas, seguida em tamanho pela seguinte ordem: mésio-vestibular, disto-vestibular e disto-lingual. A porção mesial do dente é maior em todos os sentidos. Obviamente, a crista marginal mesial é também mais longa e mais alta que a distal. A cúspide disto-lingual é arredondada, em contraste com as demais, que são típicas pirâmides de base quadrangular.

Um arranjo irregular de sulcos principais em forma de “H” maiúsculo separa as quatro cúspides.

Raiz: o primeiro molar superior tem uma porção que se divide em 3 raízes: mesio-vestibular, disto-vestibular e palatina. Geralmente paralelas entre si, as três raízes não se fusionam. Estão sempre bem separadas uma das outras.

Clique aqui e veja um modelo 3D do primeiro molar superior desenvolvido por uma universidade da Escócia.

SEGUNDO MOLAR SUPERIOR (17 e 27)

É menor que o primeiro molar em todas as dimensões.

Face vestibular: quando visto por vestibular, nota-se que a cúspide disto-vestibular é muito menor do que a mésio-vestibular; no primeiro molar ela é apenas menor. A grande diferença de tamanho faz com que a borda oclusal se incline cervicalmente de mesial para distal. O sulco que separa essas cúspides é menor e raramente termina em fosseta.

Face lingual/palatina: a cúspide disto-lingual pode não existir em alguns casos, tornando o dente tricuspidado. O sulco lingual, que separa as cúspides linguais (quando a cúspide disto-lingual falta ele não existe), é mais curto e menos profundo. Não há tubérculo Carabelli.

Face oclusal: comparando com o primeiro molar, nota-se na face oclusal sensível modificação ditada pelo contorno: por ser a cúspide disto-lingual bem menor, a borda lingual desta face é menor que a borda vestibular. Portanto, as bordas mesial e distal convergem para a lingual e não para a vestibular. Nos casos em que falta a cúspide disto-lingual, a convergência é muito mais acentuada e a face oclusal passa a ter um contorno triangular.

Raiz: as três raízes são um pouco menores, mais curtas e menos divergentes do que as do primeiro molar. As raízes vestibulares são paralelas, muito próximas, e se inclinam para a distal (não ocorre o aspecto de “chifres de touro”). A união de duas raízes não é incomum, principalmente da mésio-vestibular com a lingual.

TERCEIRO MOLAR SUPERIOR (18 e 28)

Este dente tem aspectos morfológicos muito variáveis. As modificações levam a uma simplificação na coroa e na raiz, pela diminuição do número de cúspides e raízes. No todo, é o menor dos molares.

A forma da coroa lembra aquela do segundo molar tricuspidado, com a face oclusal de contorno triangular. Quando a cúspide disto-lingual está presente, é muito pequena. Sua face oclusal costuma ser caracterizada por numerosos sulcos secundários, que lhe dão uma aparência enrugada.

É muito comum a coalescência* (união/fusão) das raízes.

PRIMEIRO MOLAR INFERIOR (36 e 46)

É o maior dente da boca. Sua coroa é alongada e lembra um paralelepípedo.

Anatomia do Primeiro Molar Inferior

 

Face vestibular: tem um contorno trapezoidal de grande base oclusal. A base menor coincide com a linha cervical, que é praticamente reta, mas manda uma ponta de esmalte na direção da bifurcação das raízes. Os elementos descritivos mais importantes desta face ficam por conta das três cúspides mésio-vestibular, vestibular mediana e disto-vestibular, separadas por sulcos verticais.

A cúspide mésio-vestibular é a mais volumosa e mais alta, seguida em tamanho pela vestibular mediana e, finalmente, pela disto-vestibular, que é a menor das três. Isto significa que a borda oclusal é inclinada de mesial para distal. Portanto, a borda mesial é mais alta do que a distal, com a área de contato na junção dos terços médio e oclusal, além de ser mais retilínea.

A face vestibular é muito convexa no terço cervical (bossa vestibular). Os dois terços restantes são mais planos e muito inclinados para a lingual.

Face lingual: tem o contorno semelhante ao da face vestibular, mas é menor porque as faces mesial e distal convergem para a lingual. As cúspides mésio-lingual e disto-lingual projetam-se na borda oclusal. O sulco lingual que as separa não é muito destacado e não termina em fosseta. A face lingual, convexa em todas as direções, não se inclina como a vestibular.

Face oclusal: é mais larga na borda mesial do que na distal, e mais larga na borda vestibular do que na lingual.

As cúspides mesiais são as maiores (a mésio-lingual é a maior de todas) e perfazem metade, ou mais da metade, da coroa.

Raiz: a s duas raízes deste dente estão sempre bem separadas uma da outra e se
curvam levemente para a distal.

SEGUNDO MOLAR INFERIOR (37 e 47)

Difere do primeiro molar inferior por ser um pouco menor e possuir quatro cúspides. A ausência da quinta cúspide provoca modificações na configuração da coroa.

Face vestibular: mostra na sua borda oclusal somente duas projeções relativas às cúspides mésio-vestibular e disto-vestibular, como são chamadas, e somente um sulco vestibular.

Face lingual: menor que a vestibular, com sulco lingual pouco evidente.

Face oclusal: é nesta face onde se encontram as maiores diferenças. Seu contorno retangular é mais nítido porque as bordas, duas a duas, estão mais próximas do paralelismo.

As quatro cúspides estão simetricamente dispostas na face oclusal. Um sulco vestíbulo-lingual, retilíneo, separa as cúspides mesiais, maiores, das distais, menores. Dividindo as cúspides vestibulares das linguais, corre outro sulco reto da fosseta mesial até a fosseta distal. Ambos os sulcos cruzam-se em ângulos retos no centro da face oclusal (fosseta central).

Raiz: são um pouco menores e menos divergentes do que no primeiro molar. Nem sempre  seus ápices se inclinam para a distal; eles podem se encurvar um em
direção ao outro (aspectos de “chifres de touro”). Elas têm tendência a se fusionar.

TERCEIRO MOLAR INFERIOR (38 e 48)

Este dente pode ter um padrão morfológico característico tanto do primeiro quanto do segundo molar inferior. No entanto, tem uma larga diversidade de formas, as quais frequentemente se mostram muito complicadas. Algumas dessas formas são multicuspidadas (ou multituberculadas), de arranjo muito irregular.

Na grande maioria dos casos, o terceiro molar inferior tem quatro ou cinco cúspides. Mesmo assim, elas não são bem definidas, devido à presença de cristas e sulcos secundários.

Suas raízes são frequentemente fusionadas.

Antes de ir para o resumo e fixação do conteúdo, veja o vídeo a seguir


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RESUMINDO

Diferença entre SUPERIORES e INFERIORES:

  • Superiores possuem três raízes, duas vestibulares e uma palatina;
  • Inferiores possuem duas raízes, uma mesial e uma distal;
  • Declive lingual das coroas dos molares inferiores acentuada;
  • Bordas mesial e distal convergente para cervical nos superiores e tendem ao paralelismo nos inferiores;
  • Faces oclusais com formato quadrangular tendendo a losango nos superiores e mais retangulares nos inferiores;

Diferença entre 1º e 2º SUPERIORES:

  • Primeiro molar possui  4 cúspides, enquanto o segundo possui 3;
  • Ponte de esmalte interliga as cúspides mesio-lingual e disto-vestibular no primeiro molar;
  • Segundo molar possui forma semelhante a um coração, com duas cúspides vestibulares e uma palatina;
  • Discreta convergência das bordas vestibular e lingual para distal nos primeiros molares, mais acentuada nos segundos molares;
  • Face lingual é maior que a vestibular no sentido mesio-distal, nos primeiros molares;
  • Presença do tubérculo de Carabelli no terço médio-mesial da face palatina, nos primeiros molares.

3º Molares Superiores:

  • Pode ser semelhante ao primeiro ou ao segundo molar;
  • Diferenciam-se dos primeiros e dos segundos molares por apresentarem raízes mais curtas e frequentemente fusionadas;
  • A face oclusal é comumente acometida de sulcos e cúspides suplementares;
  • Forma tricuspídea bastante frequente;
  • Variam muito em sua morfologia;

Diferenças entre 1º e 2º molares INFERIORES:

  • Primeiro molar apresenta cinco cúspides, sendo três vestibulares e duas linguais. Cúspide mesio-vestibular é a maior delas;
  • Segundo molar apresenta quatro cúspides, com sulco principal em forma de X;
  • Contorno pentagonal nos primeiro (vista pela oclusal) e retangular nos segundos molares;
  • Sulco principal em forma de W com vértices para vestibular nos primeiros molares;

3º Molares INFERIORES:

  • Menores que os primeiros e segundos molares inferiores;
  • Podem se assemelhar ao primeiro ou ao segundo molar inferior;
  • Diferenciam-se dos primeiros e segundos molares por apresentarem raízes mais curtas e frequentemente fusionadas;
  • A face oclusal é comumente acometida de sulcos e cúspides complementares.
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1º Molar Inferior – vista oclusal

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Veja também:

Anatomia dos Incisivos 
Anatomia dos Caninos
Anatomia dos Pré-Molares

 

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Colaboração: Kayke Carvalho, Universidade Positivo

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