A principal função tanto os pinos intra-radiculares como dos núcleos metálicos fundidos refere-se à retenção do material restaurador coronário. Ressalta-se ainda, que os pinos são a opção de escolha quando há ainda algum remanescente coronário, servindo então como retentos para o núcleo de preenchimento (ex: resina). Além dessa, os pinos são mais vantajosos que os núcleos por alguns fatores:

  • desgaste mais conservador
  • menor número de variáveis (etapas laboratoriais, moldagem)
  • sessão clínica única
  • baixo módulo de elasticidade (essencialmente os pinas reforçados por fibras), o que diminui as tensões sobre a porção radicular, evitando a formação de trincas e fraturas

Algumas desvantagens dos núcleos metálicos fundidos:

  • alterações cromáticas
  • corrosão (principalmente ligas de cromo e cobalto)
  • estética
  • galvanismo
  • alergia
  • desgaste acentuado da estrutura dental
  • dificuldade de remoção
  • sensibilidade técnica
  • maior tempo de trabalho
  • maior custo






A função de resistência radicular oferecida pelos pinos é contraditória e nem sempre verdadeira. Na realidade, a raiz dental, quando submetida a forças horizontais, sofre um processo de deflexão, criando uma zona neutra exatamente onde o pino está instalado. Dessa forma, o pino acaba não atuando como fator de resistência. Entretanto, as fraturas em dentes com pinos intrarradiculares tendem a ser mais favoráveis ao dente, uma vez que apenas a presença física do pino permite uma melhor distribuição de forças. Dessa forma, as maiores indicações dos pinos intrarradiculares refere-se a dentes tratados endodonticamente e com grande destruição coronária.

Os pinos podem ser classificados de acordo com o seu material (3), sua maneira de inserção no conduto radicular (1) e seu formato (2):

  1. São divididos em passivos e ativos. Os pinos passivos são aqueles que demandam uma cimentação, seja ela adesiva (c. resinoso) ou não (c. fosfato de zinco).  Já os ativos são aqueles que são rosqueados no conduto radicular. Apesar de estes apresentarem uma excelente retenção, induzem a formação de estresse sobre a estrutura radicular. São indicados em casos de raízes curtas.
  2. São basicamente divididos em cônicos e paralelos. Os cônicos apresentam uma boa adaptação ao canal radicular, podendo, entretanto, gerar certo efeito cunha. Os pinos paralelos são muito mais retentivos, entretanto demandam um maior desgaste da porção radicular, essencialmente do terço apical. Na tentativa de contrabalancear as desvantagens destes dois formatos, encontram-se também os pinos com haste fendida e os paralelos com extremidade cônica.
  3. São divididos em metálicos, cerâmicos e reforçados por fibras (carbono, vidro e quartzo). Os cerâmicos são os mais estéticos. Os metálicos, além de ter um alto módulo de elasticidade, transparecem o acinzentado do metal, dificultando na obtenção de valores estéticos. Além disso, podem sofrer corrosão, dependendo da liga utilizada. Os reforçados por fibras, apesar de também possuirem certa deficiência estética, são os que possuem o módulo de elasticidade mais próximo da dentina, diminuindo as chances de fraturas diante de tensões absorvidas pela raiz.
Material do Pino Vantagens Desvantagens
Carbono – resistência a corrosão- módulo de elasticidade semelhante- compatibilidade biológica – baixa radiopacidade – coloração escura
Fibras de vidro – mais estéticos- não precisa de opacificador – não sofrem corrosão
Quartzo – translúcidos
Cerâmicos – estéticos- radiopacos- alta resistência flexural – difíceis de cortar (dureza)- alto custo- sensibilidade técnica- alto módulo de elasticidade

Sequência clínica:

  1. Rx inicial e determinação do comprimento de trabalho (odontometria)
  2. Escolha do diâmetro do pino
  3. Remoção do material obturador com calcadores aquecidos ou com brocas largo devidamente calibradas
  4. Preparo do conduto (brocas do kit específico ou largo)
  5. Preparo final, inclusive do munhão coronário
  6. Prova do pino
  7. Radiografia do preparo e da adaptação do pino
  8. Cortar pino na altura correta, com broca 2200, ou disco de carburundum
  9. Limpeza do canal com EDTA
  10. Jateamento com óxido de alumínio, caso seja de fibra de carbono (como este material tem baixa adesão, o jateamento cria micro-retenções)
  11. Limpeza do pino com ácido fosfórico 37%
  12. Aplicação do silano (permite a união da parte inorgânica do pino com a parte orgânica do cimento). Etapa dispensável para pinos metálicos.
  13. Condicionamento da estrutura coronária e radicular com ácido fosfórico a 37% por 30 segundos (30 esmalte/ 15 dentina)
  14. Lavar por 30 segundos e secar com cones de papel absorvente
  15. Aplicação do sistema adesivo, removendo excessos
  16. Polimerizar
  17. Aplicação do sistema adesivo no pino e polimerizar
  18. Aplicação do cimento resinoso no interior do canal, com auxílio de brocas lentulo (ressalta-se que a cimentação para pinos é importante pelo aumento da retenção, pela melhor distribuição de forças ao longo do dente e pelo selamento que o cimento realiza).
  19. Inserção do pino, removendo excessos
  20. Polimerizar (ideal é a utilização cimentos de cura dual, permitindo que a porção apical, onde a luz quase não penetra, também sofra uma polimerização adequada).
  21. Preparação do núcleo de preenchimento
  22. Procedimento restaurador

2 Comentários

  1. Bom dia, como cito essa publicação nas normas da ABNT?

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