Antes de mergulhar no estudo da anatomia da cabeça e pescoço, é essencial entender a base de toda descrição anatômica: os planos anatômicos. Eles são como “linhas imaginárias” que dividem o corpo humano em partes específicas, facilitando a localização anatômica, a descrição e o estudo das estruturas corporais.

Por que você precisa conhecê-los?

Na odontologia, esses planos não são apenas teoria — eles são usados na prática clínica odontológica, no diagnóstico por imagem, em cirurgias bucais e até em procedimentos estéticos faciais. Dominar esse conceito é o primeiro passo para entender com clareza as relações anatômicas, interpretar exames e se comunicar com precisão com outros profissionais da saúde.

Posição de referência para a descrição anatômica e planos

  • Indivíduo em pé, ereto
  • Mãos pendentes ao lado do corpo
  • Palmas das mãos para frente
  • Calcanhares juntos, pés para frente

Os planos anatômicos são linhas imaginárias que dividem o corpo humano em regiões específicas para facilitar a descrição da localização das estruturas internas e externas. Eles funcionam como pontos de referência universais utilizados em anatomia, medicina e odontologia.

Quando usamos expressões como “anterior”, “posterior”, “superior” ou “inferior”, estamos nos baseando nesses planos para nos orientar.

Na anatomia aplicada à odontologia, entender os planos anatômicos é essencial para:

  • Localizar estruturas com precisão em exames de imagem como tomografias e radiografias;

  • Realizar procedimentos cirúrgicos com segurança;

  • Planejar intervenções em harmonização orofacial;

  • Compreender relações entre músculos, ossos, vasos e nervos na cabeça e pescoço;

  • Descrever lesões, patologias ou alterações anatômicas de forma clara e padronizada.


Planos Anatômicos

São divididos em dois grupos: seccionais e tangenciais


Planos Seccionais:

  • Plano sagital (ou mediano)
    Divide o corpo em metades direita e esquerda.

    • O plano mediano exato passa bem no centro do corpo.

    • Os planos parasagitais são paralelos ao mediano, mas deslocados lateralmente.

    • Na odontologia: usado para visualizar a simetria facial e estruturas como mandíbula, língua e cavidade nasal.

  • Plano coronal (ou frontal)
    Divide o corpo em parte anterior (frontal) e posterior (dorsal).

    • Essencial para avaliar estruturas da face, órbitas, nariz e tecidos moles da região facial.

    • Muito utilizado em tomografias cone beam.

  • Plano transversal (ou axial)
    Divide o corpo em parte superior (cranial) e inferior (caudal).

    • Fundamental em exames de imagem para avaliar cortes horizontais da cabeça, incluindo seios paranasais, maxila, mandíbula e base do crânio.

  • Sagital ou Mediano
  • Coronal ou Frontal
  • Horizontal, Transversal ou Axial
planos seccionais
Planos seccionais divididos (azul: sagital ou mediano/ vermelho: coronal ou frontar/ verde: transversal ou axial

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Dica clínica:

Em procedimentos de toxina botulínica, preenchimento facial e até em implantes dentários, saber exatamente onde cada plano cruza a anatomia do paciente evita complicações e garante maior precisão e simetria.


Planos tangenciais na odontologia:

Os planos tangenciais são cortes anatômicos menos convencionais, mas extremamente úteis na odontologia moderna, especialmente em exames de imagem tridimensionais, como a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC ou cone beam).

Diferente dos planos anatômicos clássicos (sagital, coronal e transversal), os planos tangenciais não seguem uma divisão padrão do corpo humano, mas são traçados de acordo com a estrutura que se deseja analisar, tangenciando (ou seja, passando de forma paralela e próxima) à superfície de interesse.

Planos Tangenciais são

  • Superior (S)
  • Inferior (I)
  • Anterior (A)
  • Posterior (P)
  • Lateral (L)

planos tangenciais

Importância dos planos tangenciais na odontologia

  • São essenciais para avaliar estruturas curvilíneas, como o contorno da maxila, mandíbula ou canal mandibular;

  • Permitem uma visualização mais fiel de regiões complexas, como:

    • Paredes dos seios maxilares;

    • Forames anatômicos;

    • Implantes dentários em áreas inclinadas;

  • Facilitam o planejamento e execução de procedimentos em:

    • Harmonização orofacial (como o mapeamento do arco zigomático);

    • Ortodontia com alinhadores;

    • Cirurgias de terceiros molares ou lesões periapicais.

Exemplo prático: Ao analisar uma tomografia para colocação de implantes, um plano tangencial pode ser traçado ao longo do rebordo alveolar para mostrar a espessura óssea em toda sua extensão, o que não seria possível com cortes apenas axiais ou sagitais.


Exemplos práticos de aplicação dos planos anatômicos na Odontologia

  1. Plano Sagital em Exames de Imagem:

    • Quando o cirurgião-dentista analisa uma tomografia computadorizada para avaliar a posição de um dente incluso (como um terceiro molar), o plano sagital permite visualizar o corpo dividido em lado direito e esquerdo. Isso facilita a análise da simetria e o planejamento cirúrgico com mais precisão.

  2. Plano Frontal em Avaliações Estéticas:

    • Na harmonização orofacial, o plano frontal é utilizado para examinar a simetria facial, analisando elementos como a altura das sobrancelhas, o alinhamento dos lábios e a projeção do mento. Esse plano ajuda a planejar intervenções estéticas, como aplicação de toxina botulínica e preenchimentos.

  3. Plano Transversal em Implantes e Anatomia de Base:

    • Em aulas práticas de anatomia, o plano transversal é essencial para estudar cortes horizontais da cabeça e pescoço. Ele também é fundamental em exames de imagem para avaliar a largura óssea disponível na instalação de implantes dentários.

  4. Posição Anatômica como Referência Clínica:

    • Mesmo que o paciente esteja deitado na cadeira odontológica, toda a descrição anatômica (como distal, mesial, superior e inferior) parte da posição anatômica padrão — em pé, com os braços estendidos ao lado do corpo e as palmas voltadas para frente. Essa padronização evita confusões durante a comunicação entre profissionais.

Termos de Relação Anatômica

  • Superior ou cranial: mais próximo da cabeça
  • Inferior ou caudal: mais próximo dos pés
  • Anterior ou ventral: mais próximo do ventre
  • Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso
  • Proximal: mais próximo do ponto de origem
  • Distal: mais afastado do ponto de origem
  • Medial: mais próximo do plano sagital mediano
  • Lateral: mais afastado do plano sagital mediano
  • Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo
  • Contra-lateral: do lado oposto do corpo
  • Superficial: mais próximo da pele
  • Profundo: mais afastado da pele

Referências:

  • Moore, K. L., Dalley, A. F., & Agur, A. M. R.Anatomia Orientada para a Clínica
    (Referência clássica para planos anatômicos, termos de posição e orientação).

  • Netter, F. H.Atlas de Anatomia Humana
    (Muito usado por acadêmicos de odontologia e medicina para estudo visual dos planos anatômicos).

  • Gray’s Anatomia para Estudantes – Drake, Vogl & Mitchell
    (Didática e objetiva, excelente para introduções sobre o tema).

  • Terminologia Anatômica Internacional (TAI)
    (Documento oficial com os nomes padronizados para estruturas anatômicas, incluindo planos e eixos).

  • Artigos e diretrizes educacionais de universidades renomadas como USP, UFMG e UNICAMP.

2 Comentários

  1. boa noite, jefferson. Muito interessante o seu conteúdo, estou me preparando para um seminario e suas informações me ajudaram muito, vllw.. poderia me tirar uma duvida quando vc fala em (•Pouco conteúdo orgânico: frágil se não houver a RESILIÊNCIA da dentina… •69% de material inorgânico: mais RESILIENTE do que o esmalte), minha duvida é na palavra Resiliente. vc poderia me ajudar abraço.

    • A palavra resiliente nesse contexto, diz respeito a adaptação do esmalte sobre a dentina. É empregada para dizer que, se não fosse a dentina, que tem bastante conteúdo orgânico e mineral e tem uma característica de se adaptar (resiliência/ maleabilidade), o esmalte aos movimentos mastigatórios, por exemplo, teria fraturas e trincas, já que é uma substância muito dura e rígida. Ou seja, a dentina “amortece”o impacto no esmalte.

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