A pulpotomia consiste na técnica em que se remove a polpa coronária, quando a lesão não chega a atingir a polpa radicular, com a finalidade de manter com vitalidade a mesma. Esta técnica permite manter na cavidade bucal os dentes decíduos comprometidos endodônticamente até o período de esfoliação fisiológica. Alguns fatores influenciam na indicação da pulpotomia. São eles:
Fatores Locais
Fatores sistêmicos
Fatores Comportamentais
Indicação
- lesão de cárie extensa
- exposição pulpar (trauma, por exemplo)
- dente livre de pulpite radicular
- ausência de dor espontânea persistente
- hemorragia no local da amputação (vermelho vivo)
- presença de pelo menos 2/3 do comprimento radicular
- ausência de abscesso, fístula, mobilidade, reabsorção interna
- radiopacidade óssea na região de furca*
Sinais clínicos importantes para auxiliar na decisão da pulpotomia
- Lesão cariosa superficial ou média ativa de dentina
- Lesão cariosa profunda ativa de dentina. Restauração insatisfatória
- Lesão cariosa profunda ativa. Exposição e hiperplasia pulpares (pólipo)
Contra-indicações
- dor
- sensibilidade à percussão
- presença de edema
- mobilidade acentuada
- reabsorção de mais de 2/3 da raiz
- radiolucidez na região periapical ou de furca
Após pulpotomia o dente não deve apresentar
- sensibilidade prolongada
- dor
- reabsorção interna
- calcificação anormal do canal radicular
- perda dos tecidos de suporte
- danos ao dente sucessor
Classificação de acordo com o material terapêutico
- desvitalizadores (fixação, cauterização)
- preservadores (desvitalização mínima e não indutiva)
- regeneradores (indução e regeneração)
Exemplo de materiais terapêuticos utilizados em pulpotomias
- Hidróxido de Cálcio
- Formocresol
- Glutaraldeído
- Sulfato Férrico
- MTA
- Laser
- BMPs
Formocresol – A ação bactericida do formocresol se dá junto aos microrganismos presentes nos canais radiculares através da ligação química com as proteínas dos microrganismos. Sua ação (formaldeído) é de fixador tecidual
- tem alto índice de sucesso clínico
- age em pH alcalino
Formol 19%: precipita proteínas, fixador pulpar (bactericida)
Cresol 35%: atenua o poder irritante (antisséptico)
Glicerina 15%: aumenta a viscosidade (veículo)
Apresentação e modo de aplicação
Tabela de diagnóstico provável da condição pulpar dos dentes descíduos com base nos dados clínicos e radiográficos (parte 1) | |||
DOR
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SINAIS CLÍNICOS
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ASPECTO RADIOGRÁFICO
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DIAGNÓSTICO PROVÁVEL
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Provocada por estímulos térmicos (frio), mecânico e químico na dentina
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Lesão cariosa superficial ou média ativa de dentina
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Área radiolúcida envolvendo até a metade externa da dentina. Periápice e espaço interrradicular normais
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Hiperemia ou inflamação suave
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Provocada. Exacerbada por estímulos térmicos (frio), mecânico e químico. Localizada
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Lesão cariosa profunda ativa de dentina. Restauração insatisfatória
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Lesão cariosa profunda primária ou recorrente. Restauração insatisfatória. Periápice e espaço interrradicular normais
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Hiperemia ou inflamação suave
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Espontânea, contínua, pulsátil, reflexa, comumente durante a noite. Sensível à percussão
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Lesão cariosa profunda, com ou sem exposição clínica da polpa. Restauração insatisfatória
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Lesão de cárie profunda. Restauração insatisfatória. Lesão cariosa secundária. Espessamento do espaço periodontal e/ou reabsorção interna
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Inflamação grave (pulpite aguda)
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Tabela de diagnóstico provável da condição pulpar dos dentes descíduos com base nos dados clínicos e radiográficos (parte 2) | |||
DOR |
SINAIS CLÍNICOS
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ASPECTO RADIOGRÁFICO
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DIAGNÓSTICO PROVÁVEL
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Provocada à mastigação
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Lesão cariosa profunda ativa. Exposição e hiperplasia pulpares (pólipo)
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Lesão de cárie profunda. Periápice e espaço interrradicular normais
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Pulpite crônica hiperplásica
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Provocada por estímulo térmico (calor)
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Lesão cariosa profunda com ou sem exposição clínica da polpa
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Reabsorção interna. Massas mineralizadas na câmara pulpar. Espessamento do espaço periodontal
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Alterações pulpares degenerativas
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Espontânea ou provocada à palpação e mastigação. Sensibilidade à percussão
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Lesão cariosa profunda com ou sem exposição clínica da polpa. Tecidos moles podem apresentar tumefação, abscesso ou fístula
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Reabsorção radicular patológica. Rarefação óssea periapical e interrradicular.
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Necrose pulpar
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Tabela retirada do livro do Mário Leonardo
O sucesso do diagnóstico pulpar depende:
- estado geral de saúde
- conhecimento da histofisiologia pulpar
- conhecimento das patologias pulpares
- diagnóstico clínico e radiográfico
Preenchendo esse itens, você terá uma conduta terapêutica ideal.
Gostei muito do conteúdo da publicação! Também produzimos um post que pode complementar ainda mais a informação para os seus leitores, pois se refere a pulpotomia em dentes permanentes: https://leomunizodonto.com.br/pulpotomia-de-dentes-permanentes/
Que bom que você gostou! Muito legal seu conteúdo também!