Existem várias técnicas anestésicas utilizadas na prática clínica do cirurgião-dentistas. Nesse post iremos falar sobre a Pterigomandibular que bloqueia o nervo alveolar inferior e suas variações, além das técnicas de bloqueio do nervo mentual e palatino maior.
Pterigomanbidular | Nervo Alveolar Inferior
A técnica anestésica mais frequentemente empregada em Odontologia é a técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior ou pterigomandibular. Como o nervo lingual fica distante apenas 8mm do nervo alveolar inferior no local da injeção, ele também é anestesiado.
Quando a finalidade da anestesia é realizar procedimentos cirúrgicos em molares inferiores, o nervo bucal também precisa ser abrangido. Uma variante da técnica providencia, então, que, com a mesma punção, esse nervo seja alcançado e devidamente anestesiado.
Anestesia do nervo alveolar inferior
- Bloqueio dos nervos alveolar inferior, incisivo, bucal, mentoniano e lingual (técnica indireta);
- Bloqueio pulpar de todos os dentes do hemi-arco inferior;
- Anestesia do corpo da mandíbula, do periósteo e de tecidos moles mandibulares;
- Anestesia dos 2/3 anteriores da língua e do assoalho da boca (daquele lado)
Indicações
- Procedimentos em múltiplos dentes de um quadrante inferior;
- Anestesia de tecidos moles na região inferior, tanto por vestibular quanto por lingual.
Contraindicações
- Possibilidade de mordedura de lábio/língua – crianças muito pequenas;
- Necessidade de tratamento no sextante 5;
- É desconfortável se feita bilateralmente.
Equipamentos
- Seringa carpule;
- Agulha longa calibre 25.
Pontos de reparo
- Ligamento pterigomandibular;
- Borda anterior do ramo ascendente da mandíbula;
- Plano oclusal inferior;
- Pré-molares inferiores do lado oposto.
Técnica Indireta ou das Três Posições
- Uma única punção permite o bloqueio dos nervos alveolar inferior, lingual e bucal;
- Deposição do anestésico em 3 locais distintos, cada um para bloqueio de um nervo;
- Necessidade de mudança de posição do conjunto seringa-agulha.
Técnica – 1ª posição: anestesia do nervo bucal:
- Identificar as linhas formadas pelo ramo ascendente e pelo ligamento pterigomandibular;
- Traçar a bissetriz do ângulo dessas linhas;
- Punção na bissetriz, 1cm acima do plano oclusal, com o bisel da agulha voltado para a face interna do ramo;
- Manter a seringa paralela ao plano oclusal, alinhada com a superfície oclusal dos molares inferiores;
- Induzir a agulha +/- 5mm;
- Aspirar;
- Injetar um pouco de anestésico
Técnica – 2ª posição: anestesia do nervo lingual:
- Após a anestesia bucal, introduzir a agulha por mais 5mm, mantendo a seringa na mesma orientação da primeira posição;
- Aspirar;
- Injetar anestésico até atingir ¼ do tubete;
- Mantendo a carpule paralela ao plano oclusal, retirar quase toda a agulha (manter pouco mais que toco o bisel dentro da mucosa);
- Esta etapa é a preparação para a 3ª posição.
Técnica – 3ª posição: anestesia do alveolar inferior:
- A agulha deve estar quase toda fora da mucosa;
- Deslocar a seringa para o lado oposto, de modo que o canhão da carpule fique acima dos pré-molares do lado oposto ao lado anestesiado;
- Reintroduzir a agulha até que ela toque o osso (pode-se injetar um pouco de anestésico durante a introdução);
- Recuar a agulha 1mm;
- Aspirar;
- Injetar o restante do anestésico (3/4 do anestube)
Técnica Direta
Técnica- anestesia dos nervos lingual e alveolar inferior:
- Identificar as linhas formadas pelo ramo ascendente e pelo ligamento pterigomandibular;
- Traçar a bissetriz do ângulo dessas linhas;
- Posicionar o canhão da carpule entre os pré-molares inferiores do lado oposto;
- Punção da bissetriz, 1cm acima do plano oclusal com o bisel da agulha voltado para a face interna do ramo;
- Introduzir a agulha até que ela toque o osso, injetando um pouco de anestésico no trajeto;
- Recuar 1mm;
- Aspirar;
- Injetar o restante do anestube.
Observações
- O nervo lingual é anestesiado durante a pulsão (introduzir e injetar ao mesmo tempo);
- Esta técnica não bloqueia o nervo bucal;
- Não provoca anestesia na mucosa vestibular dos molares inferiores;
- O nervo mentoniano é bloqueado;
- Ocorre anestesia da mucosa vestibular dos pré-molares inferiores.
Bloqueio do Nervo Mentual
O bloqueio do nervo mentoniano ou mentual não é uma técnica muito usual na odontologia. É usado como alternativa para a técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior.
Ao se injetar no forame mentoniano, a solução difundi-se pelo canal mentoniano, que e muito curto (3 a 6mm), e bloqueia o próprio nervo alveolar inferior. Ganha-se assim, a insensibilidade dos dentes anteriores e pré-molares, de sua gengiva vestibular e da pele e mucosa do mento e lábio inferior.
O forame mentoniano fica abaixo do segundo pré-molar, porém, em uma entre 4 pessoas, ele se situa entre os dois pré-molares. Está, em média, 2,60mm distante do plano mediano. Nos indivíduos dentados, está a meio caminho da base da mandíbula e da borda livre do processo alveolar e em linha com os forames supra e infra-orbitais. O canal mentoniano com inclinação de 45°, dirige-se para cima, para trás e para fora.
Na criança, o forame fica mais baixo, entre os primeiros e segundos molares decíduos, e o canal abre-se para cima. No paciente idoso, desdentado, devido a reabsorção que pode ocorrer do processo alveolar, o forame mentoniano pode estar situado próximo a crista alveolar residual ou até mesmo sobre ela.
Objetivo da técnica
- Bloqueio dos nervos mentoniano e incisivos;
- Anestesia da mucosa vestibular, lábio e dentes anteriores ao forame;
- Não produz anestesia lingual;
- Alvo: forame mentoniano.
Equipamento
- Seringa carpule;
- Agulha longa 25 ou 27
Descrição da técnica
- Localizar o forame (palpar)
- Seringa na vertical, levemente inclinada (de trás para frente, de fora para dentro);
- Aspirar
- Injetar ½ a 1 tubete;
- Fazer pressão digital para forçar a entrada do anestésico no forame.
Bloqueio do Nervo Palatino Maior
O forame palatino maior fica situado cerca de 1cm medialmente ao terceiro molar (ou entre o segundo e terceiro molares) e 3 a 4mm adiante da borda posterior do palato duro. Na criança, fica sobre uma linha imaginária que passa logo atrás dos primeiros molares permanentes. Com o nervo palatino maior anestesiado, nesse local pode-se intervir sem dor na mucosa palatina do lado anestesiado até a região do primeiro pré-molar.
*Na região do forame palatino maior, existe espaço para acomodar a solução e a anestesia é menos traumática.
Observação clinica
Tem sido sugerido que os ramos do nervo palatino maior penetram no osso alveolar e participam da inervação do periodonto e/ou da polpa dos dentes posteriores, mas isso não está confirmado.
Quando se injeta quantidade excessiva da solução anestésica ou se penetra mais posteriormente ao forame, haverá anestesia de úvula, palato mole e tonsila palatina. Em decorrência, podem sobrevir náuseas e vômitos. O mesmo pode ocorrer em pacientes com emotividade exacerbada. Nessas condições, deve-se acalmar verbalmente o paciente e fazê-lo beber água gelada (MADEIRA, Miguel Carlos).
Objetivo da técnica
- Bloqueio do nervo palatino maior
- Anestesia do palato duro e tecidos distais ao canino superior
- Potencialmente traumática
Equipamento
- Seringa carpule
- Agulha longa ou curta calibre 27’
Descrição da Técnica
- Alvo: forame palatino maior
- Boa anestesia tópica
- Compressão até isquemia
- Introdução entre os 2° e 3° molares superiores até tocar o osso
- Injetar até ⅓ do tubete
- Mais lento possível*
Qual foi a referencia utilizada??
Bloqueio dos nervos alveolar inferior, incisivo, bucal, mentoniano e lingual (técnica indireta)?
O correto seria: bloqueio regional dos nervos BUCAL (1), LINGUAL(2) e ALVEOLAR INFERIOR (3). Vc descreve corretamente na ordem, colei do seu texto.
1ª posição: anestesia do nervo bucal:
2ª posição: anestesia do nervo lingual:
3ª posição: anestesia do alveolar inferior:
No mais, parabéns. Muito didático e de fácil entendimento.