Esse é mais um post da série Tratamento Cirúrgico de Pacientes Com Comprometimento Sistêmico e dessa vez vamos falar sobre distúrbios endócrinos.

É fundamental que o cirurgião dentista que vai submeter seu paciente a um procedimento de magnitude cirúrgica, entenda o comportamento fisiológico de algumas doenças presentes nesse sistema.

Nesse post, abordaremos de maneira sucinta, clara e prática, a maneira ideal na abordagem e tratamento cirúrgico de pessoas com Hipertireoidismo, Hipotireoidismo, Diabetes Melito (Tipo I e II) e Insuficiência Suprarrenal.

Vamos lá?

1. Hipertireoidismo

O problema da glândula tireóide em cirurgia oral é a tireotoxicose. As manifestações precoces da produção excessiva de hormônio da tireóide incluem cabelos finos e quebradiços, hiperpigmentação cutânea, sudorese excessiva, taquicardia, palpitação, entre outros. O dentista deve ser capaz de diagnosticar previamente um hipertireoidismo não reconhecido, através de anamnese e exames prévios.

Se houver a suspeita, a glândula tireoide não deve ser palpada, porque a manipulação pode desencadear uma crise. Esses pacientes devem ser encaminhados para uma consulta médica. Deve-se evitar atropina e soluções anestésicas com quantidades excessivas de epinefrina em pacientes parcialmente tratados.

2. Hipotireoidismo

Os sintomas iniciais incluem fadiga, constipação, ganho de peso, rouquidão, cefaléia, artralgia, distúrbios menstruais, edema, pele seca, cabelos e unhas quebradiços. Se os sintomas forem leves, não há necessidade de mudança no protocolo.


3. Diabetes Melito

Causada pela subprodução de insulina ou pela resistência dos receptores de insulina em órgãos periféricos aos efeitos da insulina, ou por ambas.

  1. Diabetes insulino-dependente: geralmente se inicia na infância ou adolescência. Subprodução de insulina que resulta na incapacidade do paciente em usar adequadamente a glicose. A glicose sérica aumenta para além do nível de reabsorção renal de glicose total, causando glicosúria. Além disso, o metabolismo dos carboidratos está alterado, levando à quebra da gordura e formação de corpos cetônicos.Isso pode produzir cetoacidose e a concomitante taquipneia com sonolência e, eventualmente, coma. Risco de hipoglicemia caso não tenha o equilíbrio da ingestão calórica, exercícios e dose de insulina.
  2. Diabetes não-insulino-dependente: produzem insulina, mas não em quantidade suficiente. Geralmente inicia-se na idade adulta, exacerbada pela obesidade e alimentação incorreta. Tratada com o controle do peso, dieta e uso de hipoglicemiantes orais. Os procedimentos cirúrgicos orais devem ser realizados no início do dia, utilizando um programa de redução de ansiedade. Os sinais vitais do paciente devem ser monitorados, se houver sinais de hipoglicemia, como: hipotensão, fome, sonolência, náuseas, disformes, taquicardia ou alteração de humor, uma fonte oral ou IV de glicose deve ser administrada.

Se o paciente necessita perder uma refeição antes do procedimento cirúrgico, ele deve ser instruído a não tomar a insulina matinal.***

As pessoas com diabetes bem controlado não são mais suscetíveis a infecções do que as pessoas que não tem diabetes, mas eles tem maior dificuldade de conter infecções. Isso é causado pela função leucocitária alterada ou por outros fatores que alteram a capacidade do corpo de controlar uma infecção, esse dificuldade é mais significativa em pacientes com diabetes não controlado. Portanto, a cirurgia oral eletiva deve ser adiada em pacientes com diabetes não controlado.

4. Insuficiência Suprarrenal

Os sintomas da insuficiência suprarrenal primária incluem fraqueza, perda de peso, fadiga e hiperpigmentação cutânea e das mucosas. No entanto, a causa mais comum de insuficiência suprarrenal é a administração crônica de corticosteróides (insuficiência suprarrenal secundária). Esses pacientes regularmente apresentam uma “face em forma de lua”, “giba de búfalo” e uma pele fina e translúcida. Esses pacientes podem ser sujeitos hipertensos, febris e nauseados durante cirurgias complexas e prolongadas.

Em geral, os procedimentos menores necessitam somente de um protocolo de redução de ansiedade. Dessa forma, os esteróides suplementares não são necessários para a maioria dos procedimentos odontológicos. Já procedimentos mais complexos, como cirurgia ortográfica em pacientes com supressão suprarrenal, geralmente necessitam de suplementação com esteróides.

Referência: Edward Ellis, James R. Hupp, Myron R. Tucker. Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea, 5 edição. (2): 9 – 12.
Imagem em destaque: i0.wp.com
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